24 de ago. de 2017

VI Helsinki Karate Open

No dia 19 de agosto fui ao “VI Helsinki Karate Open”, evento organizado pelo clube Seitokai e com o apoio da Federação Finlandesa.

Segundo os dados da sportdata, esta competição contava com a presença de 14 países, representados por 45 clubes.

Quando estávamos a fazer a segunda etapa da viagem (Amesterdão-Helsínquia) o Rodrigo perguntou-me:

“Quais são as expectativas e objetivos para esta prova?”

A minha resposta foi simples, “Vamos tentar fazer uma kata de cada vez”.

Pode parecer uma resposta básica, ou mesmo, uma resposta muito estúpida,
mas não, não é. Muitas vezes comete-se o erro de guardar as “melhores” kata para uma determinada volta, ou mesmo para um determinado adversário, muitas vezes aparece um “wild card”, e os atletas/treinadores são apanhados de surpresa e depois… Kaputz… Finito… malas aviadas.

O Rodrigo Pinheiro (13 anos), estava inscrito nos escalões 12-13 anos e 14-15 anos, escalões esses com 32 participantes e 23 participantes respetivamente. Previa-se uma prova realmente difícil, os atletas nórdicos por norma são muito fortes fisicamente, a pressão de estar a competir em dois escalões e acima de tudo estar a competir num escalão acima, podem ser fatores desconcertantes para um atleta que está em “fase de formação”.

Apesar de o resultado ter sido MUITO positivo, temos de nos focar (especialmente eu) no grande objetivo “… uma kata de cada vez”.

Cada vez mais recordo a sábia frase do sensei Carlos Pereira, “A determinado nível, a ordem das kata é uma assinatura pessoal”, não que a “X” seja melhor que a “Y” que é pior que “Z”, não, a determinada altura da (curta) vida desportiva do atleta, as katas tem de estar ao mesmo nível. Quer sejam curtas, quer sejam longas. A ordem é uma questão de assinatura, imagem de marca.


Apesar do grande desgaste psicológico e físico, o Rodrigo manteve o nível competitivo, com um excelente desempenho. Garantiu uma medalha de prata (14-15 anos) e bronze (12-13 anos).

Quando estiverem a ler estas linhas, já tirámos dois dias de descanso e estamos a focar-nos no Campeonato do Mundo de Goju-Ryu na Roménia. Evento esse, onde vou estar com cinco alunos da região de Mafra, em que a grande parte vai experimentar pela primeira vez uma prova mesmo internacional.

3 de set. de 2016

Estamos em contagem decrescente ...
Mais informações com o sensei João Pedro Ramalho
 

4 de jun. de 2016

Kata e a neuro-plasticidade

Kata (型) é uma sequência de movimentos técnicos que descrevem uma simulação de combate.
 
O treino de kata nas camadas mais jovens está normalmente ligado à neuro-plasticidade cerebral, em cada sessão de treino são apresentadas "novas" experiências e consequentemente, uma adaptação na resposta ao estimulo. A capacidade do cérebro sofrer alterações sinápticas faz com que os circuitos neuronais sejam capazes de se transformarem e é esta característica que está na base da aprendizagem e da memória. 
 
Este processo é constante e contínuo, visto que está impreterivelmente ligado a uma adaptação às novas experiências que vão surgindo. A aprendizagem é uma das funções mentais mais importantes no ser humano e é o processo pelo qual as competências, habilidades, conhecimentos, comportamento ou valores são adquiridos ou modificados, como resultado de estudo, experiência, formação, raciocínio e observação.
 
O processo de aprendizagem de um kata pode ser medido através de curvas de aprendizagem, que mostram a importância da repetição de certas predisposições fisiológicas, de "tentativa e erro" e de períodos de descanso, após o qual se pode acelerar o progresso.
 
 A moral da história é que o treino de karate não só exercita o corpo, mas também exercita o cérebro. É importante desenvolver a reserva funcional do mesmo, através da prática de exercícios mentais e um estilo de vida saudável, para criar mais chances de manter a plasticidade cerebral e a habilidade de aprender à medida que se envelhece.

Bunkai (again)

Esta semana pesquisava/pensava nalgumas bunkais… apesar de falar nisto muita vez é sempre interessante voltar a falar.

Existem algumas ideias em relação à interpretação dos movimentos dos katas (bunkais, se assim lhes podemos chamar)

A primeira é referente à interpretação biomecânica do movimento e nesta teoria, a aplicação segue estritamente o movimento da kata.

A segunda é referente transição de uma postura (kamae) para a outra e nesta ideia o que interessa analisar é o movimento intermédio entre posturas.

A terceira é o kamae em si, não importando o percurso do movimento técnico, mas sim a forma como se finaliza o movimento.

Apesar de poder parecer um pouco confuso na teoria, na prática é muito simples. Se calhar esta é a explicação do porquê das diferentes execuções técnicas de uma kata entre linhas diferentes, ou mesmo entre estilos.

Kata é sinónimo de defesa pessoal, não no conceito de base, ippon kumite/yakusoku kumite, mas no seu sentido lato.

O karate de Okinawa, em geral, é um sistema de defesa pessoal altamente codificado, com imensos ingredientes à mistura, com uma forte influência das artes marciais Chinesas, com uma forte componente de Te, quiçá com Sumo de Okinawa, que muitas vezes não é compreendida ou mesmo conhecida pelo público em geral.

Uma coisa é certa, as kata que fazemos hoje em dia não são as mesmas que se faziam na China, provavelmente nem nunca foram e se calhar as formas que atualmente fazemos são o resultado de uma pesquisa profunda de grandes génios das artes marciais.

E apesar de se continuar a apregoar aos sete ventos que se faz esta bunkai porque esta é a verdadeira interpretação, esta afirmação só pode ser verdadeira porque foi aquela que foi transmitida do indivíduo A para o B e provavelmente porque foi aquela a interpretação que o 1º mestre achou mais indicado para o então aluno.

“Keep an open mind”

VI Helsinki Karate Open

No dia 19 de agosto fui ao “VI Helsinki Karate Open”, evento organizado pelo clube Seitokai e com o apoio da Federação Finlandesa. Segundo...