28 de jul. de 2008

Até Setembro

Esta vai ser a minha última postagem da época, a próxima só em Setembro porque aqui o “Je” precisa de umas férias.

Este foi de certeza uma das épocas mais preenchidas que eu já tive.

E como o amigo não é de ferro, já me começo a ressentir com tanto “trabalho” e pouco descanso.

Para quem não sabe o meu ritmo de vida aqui vai uma pequena dica…

O menino começa a dar aulas pelas 09H00 e acaba o dia pelas 17H00.

Depois, começa novamente a dar aulas das 19H00 até ás 20H30/21H00.

O fim-de-semana devia servir para descansar, certo? Mas não, o amigo pega na bíblia para espalhar a palavra, tal como um peregrino da nova era…

Não que me queixe, pelo contrário, acho que sou um rapazinho com muita sorte.

Conheço muito pouca gente que se realize profissionalmente, mais a fazer o que eu faço e depois ainda tenha tempo para fazer o que gosta.

Aqui vai uma visão do que eu vi esta época, em termos marciais, sociais e outras…

O grande problema em Portugal é o excesso de Doutores. Precisamos urgentemente de engenheiro, arquitectos ou simplesmente a dita gente burra, como antigamente, tipo agricultor, ou os vulgarmente chamados de artesãos (com o devido respeito).

É urgente teorizar menos e construir mais…

O Português por natureza é um indivíduo com uma excelente capacidade humana, uma capacidade de improvisação fora do normal, uma capacidade de entrega fora do comum, e em termos marciais, com uma técnica muito acima da média mundial (alguns, pelo menos).

Bem voltando ao início…

Neste momento, existe uma necessidade enorme em medicar a plebe, existe um enorme número de pessoas a diagnosticar e a apontar os problemas que vivemos, no entanto muito pouca gente tem a capacidade de projectar e preparar o futuro.

Os calendários de actividades são apresentados à última da hora e pronto, tudo bem, apresenta-se um calendário para 2 anos… de quem é a culpa? Da FNK, pois deixou tudo para a última.

Certas decisões e escolhas dúbias para determinados “cargos”. De quem é a culpa? Das associações de classe, pois não estão em contacto permanente com os orgãos máximos das suas modalidades…

O medo da fiscalização, a nova “polícia” andou a fazer umas visitas e fechou algumas portas comerciais (não pelo incumprimento por parte dos instrutores, mas pelo incumprimento das entidades patronais).

Quase todas as pessoas falaram que “tinha a ver” com os instrutores, falando como velhas alcoviteiras dos problemas dos outros e arranjando novelas aformoseadas. De quem é a culpa? Dos instrutores, pois não sabem e nem querem saber do que os rodeia…

Anda-se constantemente a dizer que a vida está mal, que os alunos não aparecem, que não existe dinheiro, que a primeira coisa que se faz é cortar na actividade física (leia-se artes marciais), etc., etc. e tal…

As instituições queixam-se que o estado anda a cortar nos orçamentos e nas verbas a atribuir às mesmas…

Segundo as estatísticas do mercado automóvel, este ano Portugal foi o país na zona Euro com a maior taxa percentual de aumento na aquisição de veículos novos…

O mercado turístico estava com receio, que este ano fosse um desgraça devido “à crise”, no entanto as férias de última hora dispararam como uma coisa doida…

Será que as pessoas ainda não descobriram que viver à custa dos subsídios não é vida?

Não me cabe a mim apontar o dedo e indicar como se gere alguma coisa.

Prefiro ser um homem do terreno, gosto de andar descalço no Dojo, o meu fato e gravata é o meu Karate-gi e o meu cinto…

Se um dia tiver necessidade de mudar, não terei problema algum.
Nunca me esconderei na mediocridade do “tem de ser…, não é?”.

Que é uma daquelas expressões tipicamente “aportuguesantes”, uma necessidade enorme de aceitação à enorme triste vontade de assumir aquilo que no fundo desejavam.

Desde há muitos anos (pode-se dizer décadas) (con)vive-se nas artes marciais com o espírito de pirâmide.

A experiência indicou-nos e continua a dizer que é um método que não resulta, ponto final!

Quando alguém se chateia numa organização nunca sai só, levando atrás uma legião de pessoas…

Porque é que as pessoas continuam a insistir nesse método? Será que não conhecem o termo “network”?

Durante anos ouvi a expressão “é muito humilde”.

Aqui vai uma dica grátis… ser humilde não significa baixar a cabeça e manter-se submisso durante muito tempo, a isso chama-se falta de ambição.

Ser humilde é reconhecer o trabalho de alguém e aceitá-lo ao seu lado, isso sim é humildade…

Existe uma falta de profissionalismo enorme na nossa classe, profissionalismo e ambição.

As pessoas contentam-se em ouvir os remédios e as soluções de curas, ou mais grave, limitam-se a ver apenas o seu lado da história, a sua verdade, não vendo que na vida existem sempre 3 verdades.

A nossa, a do outro e a realidade.

Temos de ser mais profissionais… o que é que isso significa?

Falarmos uma linguagem incompreensível ao mais simples dos mortais?

Planearmos as nossas actividades em cima da hora?

Criarmos um plano de actuação com vista ao próximo dia?

Não reconhecer os problemas que existem nas artes marciais?

As nossas palavras não coincidirem com os nossos actos?

Não quero ser presidente da Junta, mas se o tiver de ser, não tenho de ter vergonha de o ser, é simples.

Não gosto de me esconder atrás de uma humildade forçada, a isso chama-se ego camuflado.

Um Sensei uma vez disse-me a seguinte frase:

“Somos vítimas das nossas palavras e escravos dos nossos actos”

É sem duvida uma frase para reflectirmos durante as nossas férias…

Peço imensa desculpa pela longa postagem.

Ainda existe muito para dizer, mas não me quero alongar mais, não é meu hábito falar do que está mal (bem… de vez em quando).

Prefiro gozar e ser gozado, com aquilo que está menos correcto “a vida é demasiada séria para ser levada a sério” e só aceitando as nossas limitações é que conseguimos evoluir.

Temos de começar a voltar a pensar como os “burros” dos agricultores, temos de pensar em semear para mais tarde colher, temos de dar descanso aos campos para eles poderem produzir aquilo que desejamos.

Em tom de finalização quero agradecer a todos os que me apoiaram em termos marciais. A hospitalidade de todos o que me receberam foi inesquecível. A todos a abertura de espírito.

Fica-me na memória a recepção por parte da rapaziada dos Açores e a simpatia do grupo do Sensei Mota (as maiores felicidades no novo Dojo).

Se tiverem a oportunidade de passar por lá dêem uma vista de olhos.

A próxima época vai um grande desafio e provavelmente vão ocorrer bastantes surpresa, em várias áreas…

14 de jul. de 2008

Iri-Kumi/ Ego/ Humildade

Mais uma semana de actividade reduzida.

Esta quarta-feira tive a oportunidade de dar um pequeno treino de Iri-Kumi no Dojo do Clube Atlético de Queluz.
Há muito tempo que este treino estava planeado, no entanto por existir uma grande dificuldade em conciliar horários entre mim e o Sensei Álvaro, as datas iam sendo empurradas.

Para quem não conhece o conceito de Iri-Kumi, aqui vai uma pequena explicação.

Existe o conceito de Jyu-Kumite, cuja tradução literal poderá significar combate livre…
Existe um outro conceito chamado de Randori, que poderá ser interpretado como o experimentar técnicas.
Para este conceito ter alguma razão de ser, as técnicas deveriam ser feitas de uma forma suave, de modo a que se possa trabalhar sequências técnicas de uma forma contínua.

Agora, o Iri-Kumi é uma forma que deve abranger mais ou menos estes dois conceitos, devendo ser um combate livre e contínuo onde é privilegiada a sequência técnica executada de uma forma contínua.

Parece relativamente fácil, no entanto e para dificultar um pouco, existem duas formas neste tipo de combate, a forma dura (GO) e a forma suave (JU).

Apesar de existir um trabalho/pesquisa nesta área há cerca de 4 anos, creio que existe ainda muito para trabalhar, não só na área do “JU” como também no “GO”.

Com o Iri-Kumi retira-se uma grande lição…
O ego não tem lugar no Tatami, o ego deve ficar à porta do Dojo.

O trabalho de Iri-Kumi, desenvolve-se com humildade, pelo que devemos trabalhar e deixar o nosso parceiro trabalhar e devemos ser humildes em aceitar as suas limitações.

A humildade, desenvolve-se com o ser “nós próprios” não se deve forçar a humildade, pois isso não passa de ego disfarçado.

Os nossos actos não devem ser feitos com o objectivo de sermos/parecermos humildes, só porque achamos que o somos, devemos actuar no nosso dia-a-dia conforme a nossa consciência nos dita…

Se calhar isto do ego e da humildade não deve ser pensado apenas no Iri-Kumi…
Deve ser pensado no nosso Karate em geral, nas inúmeras Artes Marciais e acima de tudo, no nosso dia-a-dia.

7 de jul. de 2008

Um fim-de-semana em descanso…

Um fim-de-semana passado em descanso…

Já há muito tempo que não passava um fim-de-semana assim, sem actividades marciais.

Estou já na recta final da época e apesar de não treinar muito nesta altura, a cabeça não deixa de pensar em actividades marciais.

A próxima época começa a ser agendada e planeada, tenho é um pequeno problema, devido à minha condição “sine qua non” de karateka, tenho de esperar pelo calendário de actividades da bendita Federação, para depois encaixar as diversas actividades Associativas, depois encaixar o Kyusho, coordenar com as actividades do pessoal de Tae Kwon Do, Kenpo, Ninjutsu, Ju-Jutsu e por fim os grupos de tiro com dardo e petanca, sem esquecer pelo meio de meter o pessoal da Sueca…

Mas como prometi a um Dinossauro que ia fazer um calendário, vou faze-lo, nem que a vaca tussa.

Há muito tempo que não passava uns dias assim, praia, cinema, enfim, aquelas coisas que o comum dos mortais costuma fazer.

E por falar em cinema, não esquecer de dar uma vista de olhos no filme mais esperado do ano, “O Kung-Fu do Panda”.
É uma risota total e além de aparecer porrada total, aparece Kyusho, lol.

Agora faço uma pergunta bastante parva…

Quantos de vocês vão aproveitar esta campanha publicitária (gratuita) para os vossos Dojos?

Tudo bem, não é Karate, mas já imaginaram a vantagem que poderão ter?

Em tom de crítica, podiam arranjar alguém que percebesse de Artes Marciais para fazer as falas de uma ou outra personagem…

Podiam ir buscar uma sumidade marcial (como eu) para fazer umas falas…

Eu não me importava… de falar um bocadinho com a Fernanda Serrano… ou a Diana Chaves…

Era capaz de arranjar um espaço na minha agenda… se calhar… Não sei…

Não digo fazer de Po (apesar de me identificar com ele) podia fazer de grande Mestre Shifu, afinal… eu também sou… um bocadinho…

Brincadeiras à parte, na quarta-feira vou dar um pequeno treino de Iri kumi no Clube Atlético de Queluz, espero apresentar as minhas ideias e os meus projectos a todos os que aparecerem, vai haver muita gente admirada com o que eu tenho para apresentar.

3 de jul. de 2008

16 Anos de treino...

Mais um fim-de-semana dedicado à prática da nobre arte do Karate. Mas este foi particularmente especial.

Se por um lado foi uma excelente oportunidade para conhecer novos instrutores/amigos, por outro lado foi também muito especial para o meu aluno Gonçalo.

Para quem não me conhece, aqui vai um pequeno auto-retrato escrito da minha pessoa.

Sou dos gajos mais difíceis acima da terra!

Acredito que todos os meus alunos podem ser melhores do que eu fui ou alguma vez serei e daí o meu nível de exigência para com eles.

O meu sentido de humor chega a ser incomodativo/implicante e se calhar esta é uma das razões porque não tenho muitos alunos.

Chega? Creio que está tudo dito em relação à minha pessoa.

O Gonçalo começou a treinar no Ginásio Clube da Amadora à 16 anos.

É sem dúvida um dos alunos mais assíduos que eu tenho e contam-se as vezes que falta durante uma época.

“16 anos de treino… agora estou a lembrar-me de uma coisa, não fizemos uma festa nem um estágio dos 15 anos… vamos fazer uma este ano, apesar de ser um ano depois, o que interessa é o significado, pode ser que entregue um prémio a outros alunos…”

Dizia eu do Gonçalo, auguro um grande futuro para este miúdo, que ao longo dos anos tem sido não só um aluno, mas também um amigo e companheiro de viagem.

Corremos o Mundo para treinar (grande viagem a Okinawa) e estamos a planear uma viagem de meio mundo para o Ano.

Ao longo destes anos temos tido boas e más experiências, mas temos conseguido superar isso.

Segundo o Sensei Len o Gonçalo fez “um excelente exame”.

Grande Iri Kumi contra 2 adversários.

Ao longo destes anos tem evoluído muito, tanto em Kata como em Kumite/Iri Kumi e este ano sagrou-se campeão de Iri Kumi da nossa associação.

A grande vitória é sem dúvida o aturar-me faz tanto tempo.

Muito obrigado à João e ao Fernando por depositarem tamanha confiança em mim.

VI Helsinki Karate Open

No dia 19 de agosto fui ao “VI Helsinki Karate Open”, evento organizado pelo clube Seitokai e com o apoio da Federação Finlandesa. Segundo...