29 de mai. de 2007

Senhoras e senhores…Evan Pantazi.


Finalmente o Pai da Kyusho International (KI) visitou terras Lusas.

Perante uma plateia esgotada e abrindo umas pequenas excepções, encheu-se a casa com cerca de 43 artistas marciais.

Apesar de concordar com muitos amigos, quando afirmam e com toda razão, que o preço do estágio era bastante elevado, creio que todos os que estiveram presentes neste evento deram por bem empregue o dinheiro gasto.

No primeiro dia iniciou-se com o curriculum oficial da KI tendo o Mestre explicado o porquê da necessidade das reanimações e a razão do curriculum estar estruturado da forma que está. Depois de se ter percorrido todo o 1º nível (reanimações), as mal afamadas “sapa na mona”, avançou-se com grande alegria para os bracinhos. Este estágio vai ficar na memória de muita gente como o estágio do Pericárdio 2…ahhh ponto maldito.

De seguida passámos aos pontos da cabeça, citando o Sr. Presidente da AKDK, passamos à droga dos pobres, muitas cabeças “sentiram a moca”.

Uma das questões que foi constantemente abordada, foi a questão terapêutica na utilização dos pontos de pressão. Todos os pontos tem duas aplicações e a melhor forma para os manipular é através da massagem. É mais provável sermos confrontados constantemente com uma dor de cabeça do que termos que enfrentar um adversário enraivecido com vontade de nos matar.

Devido ao forte empenho e grande vontade de aprender, o mestre Pantazi demonstrou, ensinou e divertiu-nos com aspectos interessantes da nossa bioenergia. Bem…acredito que foi mais devido ao estado lastimoso dos nossos bracinhos e às dores de cabeça que se começaram a instalar, mas isso é para outras festas.

O que interessa é que muitos de nós ficaram com a impressão de que existem certos aspectos da nossa vida que nos passam ao lado, que muitas vezes as coisas desaparecem da nossa vista sem no entanto alguma vez terem desaparecido e que para a próxima que dissermos “chiiiiii”, de certeza que vamos ter os pés bem assentes na terra.

No segundo dia lá se avançou com o currículo da KI e lá fomos ao encontro do tronco e das perninhas.

Antes de começarmos iniciámos o Ba Dua Gin como forma de alongamento ou se acreditarem como forma de restabelecer os nossos níveis de energia.

Muitos de nós já só queriam saber onde estavam os pontos, quanto a bater neles (ou levar)…não obrigado…por isso a importância do aspecto terapêutico. É mais fácil aceder ao treino dos pontos através de uma massagem do que andar à martelada à rapaziada!!!!!

Na parte final do treino fomos presenteados com uma série de interpretações de movimentos de katas. Claro que houve pessoas que foram mais presenteadas que outras, mas só lá foram porque quiseram. Mas uma coisa é certa…todos ficámos maravilhados com a enciclopédia humana que estava à nossa frente.

Bem podia andar a escrever km de linhas e provavelmente iria esquecer-me de algo. Existem umas coisas que não me vou esquecer: das dores nos braços, cabeça e das dores nas pernas. Muito agradeço a todos os que fizeram comigo, as das pernas, um agradecimento muito especial ao Sr. Ricardo Gama.

Para finalizar só me ocorre um pensamento.

Este é … Evan Pantazi…

Como não podia deixar de ser, deixo uma nota de agradecimento ao meu grande amigo Ricardo Gama por nos ter proporcionado um fim-de-semana memorável. Se existem pioneiros, tu és de certeza o principal. Tu é que foste o primeiro a pisar o novo mundo. OBRIGADO.

21 de mai. de 2007

”This is a man`s world”.


Este Sábado foi dia de torneio na Arrentela. Apesar dos resultados terem ficado um bocado áquem das minhas expectativas, não acho que os meus alunos me tenham desiludido. A minha Ritinha trouxe um primeiro lugar em Kata e todos os outros passaram as primeiras eliminatórias.

O Rafael está cada vez mais confiante e sem pressa para se despachar a fazer a Kata (Ricardo, deves ficar orgulhoso do puto).

Durante a semana a Sensei Mieke da Bélgica e o marido estiveram em Portugal a convite do mau feitio do Álvaro Silva, que lhes mostrou a serra de Sintra e o Palácio da Pena. Aqui o amigo mostrou-lhes a bela terra da Ericeira/Mafra e como não podia deixar de ser o belo do “Zé Franco”.

Gostei muito desta visita, foi agradável estar com este casal.

A Mieke e o Álvaro conhecem-se há 19 anos, desde o Gasshuku de Portugal. Na altura eram 1º ou 2º Dan, hoje o Álvaro é 5º e a Mieke é … 3º, no entanto a Mieke nunca parou de treinar.

Apesar de ser uma das mais antigas praticantes de Goju na Bélgica, provavelmente é um dos muitos karatekas Belgas 3º Dan`s.

Isto vem pôr em questão um assunto que já andava aqui na minha cabeça há muito tempo.

Vamos lá fazer uma ginástica cerebral; Quantos Mestres conhecem?

De todos quantos deles são gajas? Vamos por de parte orientações sexuais.

Pois é, como dizia a outra.”This is a man`s world”.

Existem pessoas que são descriminadas por terem uma cor diferente, por serem mais gordos (estava mortinho para dizer isto), por serem gajas…

Os meus melhores alunos são do sexo feminino. Pronto, exceptuando o Gonçalo. E eu nunca vi nem nunca descriminei um aluno por ser diferente…

Será correcto exigir o mesmo a um aluno do sexo feminino relativamente ao que exigimos a um do masculino?

Mais, será que levamos a sério uma aluna que nos diga que quer chegar a cinto negro e dar aulas?

Bem, vamos olhar um pouco para a história, muito antes de Kanryo Higaonna

Durante o início do período Qing Kanxi (1662-1723 d.C.) existia um senhor chamado Fang, Zhen Dong que ensinou artes marciais (provavelmente Punho das Cinco Formas “Wuxing Quan”) à sua filha Fang, Qi Niang.
Ela costumava ir para um rio perto de sua casa onde observava os grous a caçar, a brincar na água, a saltar, a sacudirem-se a gritar, a pousar, a dormir, etc.

A partir destas observações, ela combinou o que havia aprendido dos movimentos dos Grous com o estilo do seu pai, criando assim o estilo do Grou Branco do Sul.

Mais tarde crê-se que um aluno de Fang ensinou a Pan Yuba, que por sua vez ensinou Ryu Ryu Ko e este ensinou Kanryo Higaonna, claro que passei alguns pormenores mas isso fica para uma postagem posterior.

Moral da história, se o famoso estilo de Goju Ryu tem a sua origem numa GAJA, como é possível haver descriminação no Karate?

Não me digam que também existe aquele discurso dos americanos puros…defendido pelos membros do KKK … e os índios???

Enquanto grande parte dos Karatekas modernos discursam por um Karate moderno, por um Karate desportivo, vão se esquecendo que existem gajas a fazer Karate e depois dizem que existem grandes “Mestras” no panorama, sem no entanto fazerem parte dos quadros federativo.
Ahhhhhhh…existe uma que trabalha na federação e faz serviço de secretariado.

“This is a Man`s world”, mas há que olhar para as mulheres com respeito, pois quem sabe se um dia não apanhamos uma Rosanne Driscoll…

12 de mai. de 2007

Kata (Maio 2007)

Isto é mais uma reflexão sobre Kata e Bunkai.

Por muito que se fale, fica sempre mais alguma coisa para dizer sobre Kata.

Se pegarmos num conjunto de Kamaes e os alternarmos uns atrás dos outros, provavelmente arranjamos uma Kata.

Existe uma teoria em relação às Katas, que acho que deve ser encarada com alguma atenção.

Antes da introdução das artes marciais chinesas em Okinawa, existia uma arte marcial a que lhe chamavam de Te, Ti ou Di (consoante a pronuncia). Esta arte marcial era ensinada exclusivamente a um número restrito de pessoas, geralmente relacionadas com a família real Uchinandi.

Existem muito poucas pessoas com um conhecimento profundo sobre esta arte marcial, pelo menos fora de Okinawa.

O Sensei Chojun Miyagi antes de se tornar aluno do Sensei Kanryo Higaonna, treinou durante um ano com o Sensei Aragaki. Que arte marcial? Não existe muita informação em relação a isso.

Voltando aos Kamaes, todos os Kamaes têm um objectivo, ou Bunkai. Podemos fazer um treino apenas com um par de Kamaes, basta treiná-los em Kihon e depois em Bunkai. Claro que isto se pode tornar uma seca e provavelmente não iríamos ficar muito tempo a fazer “Hari Uke” para a frente e para trás. Mas acho que estão a apanhar o significado e o objectivo deste parágrafo.

Quando o Sensei Chojun Miyagi foi à China em 1915 e demonstrou uma série de Katas, foi-lhe comentado que o que ele fazia eram artes marciais muito antigas e que já não se praticavam.

Agora a minha questão é esta…porque é que não encontramos Katas ou formas idênticas às do Karate nas artes marciais chinesas?

Encontramos e isso sim muitos Kamaes idênticos, mas não combinações técnicas.

Será que o que foi feito, foi introduzir um conjunto de Kamaes com uma série de interpretações de Te?

Será que Karate “Mão da China” significava uma aproximação Chinesa às técnicas de Okinawa?

Apenas tenho a certeza de uma coisa, não tenho certeza de nada…

8 de mai. de 2007

“Let the body hit the floor”

Durante um treino e ao executar uma pressão sobre um ponto, um dos participantes comentou…
“É como uma reacção natural para fugir…”

O que me levou a considerar as minhas próprias questões:

As disfunções não serão reacções naturais do corpo?
Será que conseguimos distinguir uma disfunção de uma reacção?

Quando estamos de fora, conseguimos aperceber-nos quando existe uma disfunção. No entanto quando estamos a viver “in loco” uma acção, o nosso corpo diz-nos apenas para fugir.

Uma das expressões que eu gosto de utilizar para definir Kyusho, é o termo “primeiro segundo”.

Existe muita especulação em relação ao Kyusho. Grande parte das pessoas quando procura o Kyusho na Net, vai deparar-se não com o aspecto de “primeiro segundo”, mas sim com o KO.

Nitidamente existem 3 posições em relação ao Kyusho. A primeira defende o Kyusho como a arte suprema, a segunda acredita que existem certos pontos sensíveis no corpo humano e a terceira não acredita que existem pontos e que isso é tudo uma grande treta.

Apesar de todas as partes defenderem as suas convicções com unhas e dentes, existe um princípio comum em todos os discursos. A eficácia perante um adversário mais forte, mais rápido, mais…mais…mais…

O que é estranho é que todos partilham da mesma ideia, que é possível ganhar a um adversário que seja mais qualquer coisa do que o outro.

Pessoalmente não acredito que o Kyusho resulte a 100%. Existem diversas variáveis necessárias para poder tornar o Kyusho a “arte suprema”.

Será que acreditamos que o Karate resulta sempre numa situação de conflito?
Pessoalmente acho que não.

Será que isso faz o Karate mais eficaz ou menos eficaz?
Se calhar isso não é o mais relevante.

Toda a gente sabe que os pontos utilizados no Kyusho são os pontos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC).
Mentira, nem todos, a carta de MTC é uma referência para a localização dos pontos e não é, como muitos pensam, o mapa para a localização dos pontos.
Um ponto na MTC tem uma dimensão minúscula, por conseguinte é praticamente impossível atingi-lo com a ponta de um dedo.

Como costumo dizer, uma coisa é falar de toiros, outra é toureá-los.

Uma coisa é certa, existem muitos “Guerreiros Virtuais”, poucos são aqueles que tem coragem de questionar e pisar o Tatami para provarem o porquê das suas dúvidas.
Claro que poucos são aqueles que vêm que o Kyusho poderá (e aqui acentuo o poderá) ser mais uma ferramenta para a sua arte marcial.

Um dos grandes problemas com que os artistas marciais se irão sempre deparar, é com o chamado “Síndrome de Guru”. Haverá sempre alguém que se há de achar “especial”, mas a esses, apenas poderemos responder com um trabalho sério, o resto, apenas a história poderá relatar…

Aconselho vivamente a lerem a postagem do Ricardo Gama no Blog kyushopt

Se virem o clip desta semana, vão reparar que independentemente daquilo que possamos fazer, vai existir sempre alguém que se considera “especial”. E apesar de nos rirmos, vai haver sempre uma legião de discípulos prontos a segui-los, vão existir pessoas que não acreditam e vão aparecer outros que acreditam mais ou menos assim-assim.

Por isso, pensem, “Let the body hit the floor” e se não for à chapada em estomago-5 que seja com o casaco do Gi.
Já agora, não se esqueçam que faltam menos de 20 dias para a vinda do mestre Pantazi.

3 de mai. de 2007

Mestre Lipinski e Nuno Moreira

Este fim-de-semana foi reservado ao treino de Kata com o Mestre Lipinski, finalmente e depois de uma série de anos a tentar treinar com este mestre, lá consegui arranjar espaço na minha agenda (adeus Aoki Sensei…).

Depois de uma curta viagem até Beja, eu e o mau feitio do Álvaro Silva (Sensei) encontrámo-nos com o Sensei Severino numa esplanada de Beja. Deixo desde já aqui os meus agradecimentos pela sua hospitalidade.

Uma das primeiras pessoas que vi foi o Sensei Abel Figueiredo, que demonstrou uma surpresa enorme por nos ver, se calhar são os ventos da mudança.
O primeiro contacto com o Shian deu-se pelas 19.00 horas, logo à primeira vista demonstrou ser uma pessoa acessível, um senhor dentro da casa dos 60 anos, alto e muito bem-falante. Deu para conhecer o Sensei Teófilo e conversar um pouco. Depois das apresentações lá começámos o treino.

Em relação ao treino, estava bastante apreensivo, pois apesar de andar à meia dúzia de anos nisto, nunca tinha treinado Goju-Kai. O meu grande receio era treinar horas a fim em Neko Ashi Dachi tal como nos filmes do Sensei Yamaguchi (miauuuuu….) Gogen.

Começou-se com um treino de Kihon, claro, depois de serem explicados uns pormenores e as consequentes repetições lá avançamos para o treino de Kata. Apesar de serem feitas de forma diferente, não nos sentimos muito deslocados. Findo isto lá terminámos o treino com o Shian a prometer-nos que no dia seguinte iria puxar um pouco mais.

Depois de uma noite bem dormida lá me dirigi para Cuba, do Alentejo claro, para o segundo dia de treino.
Nessa manhã foram treinadas as katas Sanchin, Geki-Sai e Saifa. Foram treinadas durante bastante tempo, tendo sido corrigidas ao pormenor. Este treino foi bastante útil, pois já não treinava Saifa (Shitei) há bastante tempo. Durante o treino foram levantadas algumas questões pertinentes por um Kyu, ao qual o Shian respondeu que tudo tinha o seu timing e que ele devia apenas concentrar-se no que lhe era devido para a graduação dele… (mau feitio ).

Durante o almoço deu para conversar um pouco com o Shian e com o Sensei Teófilo. Como não podia deixar de ser, o Kyusho veio à baila, tendo o nosso anfitrião alentejano exclamado que era MUITO CÉPTICO em relação ao Kyusho…

Da parte da tarde, lá treinámos Tensho e Seiyunchin e Sepai, mais um treino de Shitei Kata porreiro, com muitos pormenores explicados ao detalhe.

Foram explicados uns Bunkais da Kata Sepai e “Voilá” ora toma PC 6 ou 7 e TA 11…

Depois das Bunkais ora toma com um Randori. Gostei de fazer com o Sensei Teófilo, um Karateka à moda antiga, fica aqui prometido que vou treinar mais…

Estava a correr tudo tão bem, Kata, Kumite… não é que vem o belo trabalho de Neko Ashi Dachi. Amigos, quase que me ia arrepender de ter feito tantos KM. O Shian começou a fazer um trabalho para exames de kyu (sim leram bem) brutal, bastante coordenação na troca de posições, nas quais passavam todas pela bela da postura do Miau… como aqui o amigo só começou a treinar esta semana, é claro que fiquei cansado, mas não desisti.

No final do dia de Sábado, ainda deu para ir fazer exames ao Dojo do Sensei Severino. Apesar de ser um grupo pequeno, vê-se uma grande vontade de evoluir por parte dos alunos e do Sensei Severino. Ficou prometido que aqui o “Je” voltaria a Beja para por mais umas criancinhas a chorar… Parabéns a todos e que continuem a trabalhar como têm trabalhado.

No Domingo fez-se as revisões dos treinos dados anteriormente, no final deu para falar um pouco.

Em nota final, foi muito bom treinar com este Mestre, creio que voltarei a treinar com ele ainda este ano, logo se vê…

No dia 1 de Maio, o grande campeão Nuno Moreira dirigiu-se a Corroios para ministrar um estágio de Kumite. Não pude estar presente por motivos familiares no entanto lá apareci para dar uma onda de “Pressidente da Zunta”.
Com uma simpática presença de cerca de 70 Karatekas, pelo pouco que vi, todos gostaram e responderam da melhor forma possível aos conselhos e sugestões dadas por este Jovem Grande campeão. É sempre bom ver estes miúdos a crescer, tanto no Karate como fora. Continua com aquele sorriso de miúdo, mas com uma presença de grande maturidade. Espero que continue o excelente trabalho que tem desenvolvido dentro da área desportiva. Muito obrigado por teres vindo a esta terra de Mouros…

Por falar em Mouros… ouvi uma história daquelas que dá para rir, já andava de cheio de saudades em fazer uma Blogonovela, já tenho algo na cabeça, só preciso de umas confirmações…

VI Helsinki Karate Open

No dia 19 de agosto fui ao “VI Helsinki Karate Open”, evento organizado pelo clube Seitokai e com o apoio da Federação Finlandesa. Segundo...